Se a criança que você foi um dia viesse lhe visitar será que ela se reconheceria? Nos dias de hoje, olhar para trás pode parecer perda de tempo. Um estudo revelou como as memórias de longo prazo são ‘apagadas’ através de um processo ativo do cérebro.

Além disso, a maioria das pessoas tem recebido cada vez mais estímulos todos os dias e sofrido pressões para superar rapidamente os conflitos e traumas da vida. Apesar de ser mais fácil ignorar as frustrações e os medos, esse não é o melhor caminho para superá-los.

O autor Allan Dias Castro propõe um movimento inverso com Voz ao Verbo: procurar na memória uma força para olhar para a frente. Afinal, os poemas foram um meio de encontro com seus sentimentos mais profundos, e a poesia falada foi a maneira de expressá-los e compartilhá-los com os outros.

O interesse do público pela sua obra mostra a identificação que a autenticidade do projeto gerou: até hoje, são mais de 100 mil visualizações nos vídeos publicados nas redes sociais do autor. Essa adesão demonstra também que o tom, o ritmo da fala e as expressões faciais e corporais trouxeram novos significados aos versos.

Para isso Allan tomou liberdade, um conceito que é sinônimo de poesia para a língua. A associação com a infância em alguns poemas não é feita à toa: brincar com as palavras e os significados é quase como explorar os objetos em um novo sentido. Essas experiências envolvem múltiplas possibilidades de ressignificação da vida, na medida em que cada poeta e cada criança tem uma subjetividade única.

Ao mesmo tempo, existem muitos pontos em comum entre as expressões subjetivas de cada um. “São nessas questões tão pessoais que a gente se encontra”, diz um trecho de “Vendo minha mãe ler”, um poema que faz parte do livro Voz ao Verbo. “Porque a gente é igual em algum ponto… É esse ponto que eu tento trazer para a minha escrita”, conta Allan.

E o resultado do valor que essas combinações de palavras assumiram não são apenas os diversos leitores que passaram a acompanhar as novas criações do autor e as milhares de visualizações dos seus vídeos, mas também a admiração de poetas consagrados como Luis Fernando Veríssimo.

“Poeta é quem toma liberdades com a língua e o Allan Dias Castro faz isso com maestria. Sua poesia, sua prosa poética, seus epigramas e aforismos – e suas letras de música – são exercícios de extrema liberdade. E entre o lírico, o satírico e o bem bolado, ele nos leva junto em cada voo”, atesta Verissimo.