Durante muito tempo, a astrologia foi um interesse restrito aos adeptos da Nova Era durante a década de 70. Mas nos últimos anos, um número crescente de pessoas, sobretudo de mulheres millenials, da geração Y, tem recorrido à astrologia para avaliar a compatibilidade do seu parceiro de relacionamento, entender a dinâmica das amizades e tomar decisões importantes na vida. Mas o que está por trás desse aumento de popularidade?
Observar as estrelas, um hábito milenar
Desde a navegação celestial até a previsão do destino, há muito tempo a humanidade olha para as estrelas em busca de orientação. A astrologia remonta ao segundo milênio aC – com a astrologia babilônica sendo o primeiro sistema organizado. Por incrível que pareça, até o século XVII, a astrologia era considerada uma tradição acadêmica e servia de base para pensadores de diversos campos do conhecimento.
Até Carl Jung, um cujos estudos se centraram em personalidades arquetípicas, usou a astrologia para orientar seu trabalho: “em casos de diagnóstico psicológico difícil, geralmente consigo um horóscopo para ter um outro ponto de vista de um ângulo totalmente diferente. Muitas vezes descobri que os dados astrológicos elucidavam certos pontos que de outra forma eu não teria sido capaz de entender. ”
No entanto, à medida que as ciências se desenvolveram, o ceticismo em torno da tradição da astrologia para orientar a vida aumentou. Depois de muitas pesquisas, o pensamento moderno constatou que ela não era tão confiável assim. Por exemplo, um estudo publicado no The Journal of Psychology observou que, quando se trata de personalidade, a astrologia não é um fator determinante.
Apesar da redução da credibilidade da astrologia no mundo científico, um relatório da National Science Foundation in America descobriu que o ceticismo do público em geral em torno dela estava diminuindo. Uma possível explicação é o fato de que uma nova geração está abraçando a astrologia com braços abertos. O mesmo levantamento constatou que mais da metade dos jovens de 18 a 24 anos acreditam que ela é uma tradição científica.
Um meio de olhar para dentro
Então, por que as pessoas estão recorrendo cada vez mais à astrologia? Qualquer um pode constatar o interesse crescente pelo assunto. Basta dar uma olhada no Instagram para encontrar menos pessoas com estereótipo de Nova Era e mais pessoas comuns postando sobre seus signos. Ou conferir a linha do tempo do Twitter e se deparar com memes e associações de signos com raças de gatos ou espécies Pokémon, por exemplo.
Os astrólogos também tem surfado a onda das novas tecnologias de informação e comunicação. A Madama Brona adota uma linha bem humorada e tem mais de 130 mil seguidores, enquanto a Invertisa (@isabellamezzadri) foca no autoconhecimento e tem mais de 380 mil seguidores. Já o Eduardo Mello (@eusouodu) é oferece um resumão diário sobre o planeta regente, a posição dos astros e o incenso e a cor indicados para o momento.
À medida que a indústria do bem-estar cresce e o público #autocuidado se sintoniza com sua saúde física, mental e especialmente espiritual, não é ilógico supor que o recente aumento na popularidade da astrologia está ligado à crescente obsessão por tudo que é relacionado ao bem-estar. De acordo com o Google Trends, o interesse on-line no Reino Unido tanto por ‘bem-estar’ quanto por ‘horóscopos’ dobrou desde 2010.