De motivação de uma “vaquinha” a uma das sete maravilhas do mundo moderno, o Cristo Redentor completou 90 anos em 2021 e ganhou sua primeira biografia completa, como um presente do autor Rodrigo Alvarez. A obra é resultado de uma pesquisa inédita sobre a história do monumento que tem os “braços abertos sobre a Guanabara” e que inspirou dezenas de músicas de diversos gêneros.

Inaugurado em 1931, o Cristo Redentor é um projeto é bem anterior a esse período. De acordo com o historiador Mauricio Sousa, “tudo começou em 1859. O padre Pedro Maria Boss Sugeriu à princesa Isabel que se erguesse um símbolo religioso no topo do morro do corcovado. A princesa gostou da ideia e chegou a dar apoio à construção da obra. No entanto, o tempo foi passando e nada aconteceu.”

Em 1912, o Cardeal Dom Joaquim Arcoverde ressuscitou a obra, e nove anos depois, o projeto do Cristo Redentor voltou ao cenário. O gancho da vez foi o Centenário da Independência do Brasil, quando um abaixo-assinado com mais de 20 mil nomes solicitou ao presidente Epitácio Pessoa que a estátua fosse construída. O morro do Corcovado foi cedido para abrigar o monumento e acabou também dando um segundo nome a ele. 

Mas foi só em 1926 que a obra se iniciou. Por trás dela, estiveram o engenheiro brasileiro Heitor da Silva Costa, o artista plástico Carlos Oswald e o arquiteto francês Paul Landowsky, além de todos os trabalhadores envolvidos diretamente na construção. Esse processo aconteceu não só Brasil, como também na França, onde foram moldadas a cabeça e as mãos da estátua. 

E não foi um projeto simples: foram necessários cinco anos de obras para a finalização do Cristo Redentor. Afinal, além de ter 38 metros de altura e estar a 710 do nível do mar, o corpo do monumento foi produzido com pedra-sabão, a partir do corte de milhares de triângulos e colagem à mão sobre um tecido. Depois, os triângulos de pedra-sabão foram aplicados por pastilheiros para formar o desenho da estátua. 

Na primeira biografia completa do Cristo Redentor, o escritor Rodrigo Alvarez desfaz mitos e revela detalhes jamais divulgados de histórias como as primeiras expedições que aconteceram no morro do Corcovado, que era um ponto estratégico já na época de Dom Pedro I e também um local de refúgio para ex-escravos, e a batalha dos católicos contra os ateus da República Velha para conseguir um pedacinho de terra.

Além disso, o livro conta os detalhes da criação de uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo Moderno em estilo art déco, a partir de uma incrível parceria entre um francês e um brasileiro, e a sua abordagem na cultura popular brasileira. Mas também não poupa o leitor dos bastidores menos gloriosos da estátua, como a sua proibição no carnaval de Joãosinho Trinta e os cinquenta anos de abandono, malandragem e violência, .