“Buscamos inovação em todas as áreas da nossa vida. Queremos o celular de última geração, aquele aspirador de pó que anda sozinho pela casa, trabalhos que consigam alinhar as expectativas de felicidade e flexibilidade de tempo. E aí, diante dos nossos filhos, a gente volta 30 casas, ou 30 anos”.

A autora e educadora parental Lua Barros propõe desaprender o que foi ensinado sobre parentalidade até então para aprender a partir da sua própria realidade. O seu livro não ganhou o título Eu não nasci mãe à toa. “Porque se informar sobre ser mãe e pai não é seguir uma cartilha pronta de como educar os filhos. É entender a cabeça da criança e como se dá essa relação”. 

O repertório que a maioria das pessoas têm ao ter filhos pela primeira vez é a educação que recebeu dos próprios pais. “Mas os tempos mudaram. E mesmo que você queira repetir seus pais porque eles fizeram um excelente trabalho ou você repudia o trabalho que eles fizeram e deseja fazer tudo diferente, é preciso estudar ou se informar”, comenta a autora. 

Nesse sentido, a parentalidade positiva vem sendo estudada como um conjunto de valores e tarefas envolvidos na criação de uma criança. Pode ser exercida por mães e pais, mas também por avós, padrasto, madrasta, tios, cuidadores, depende da configuração familiar. Portanto, a parentalidade se desprende de um modelo ideal de família a ser seguido, além de colocar o foco das atenções no processo. 

Tudo começou com um clique na cabeça de Lua. “Foi um momento que eu olhei, que eu me vi repetindo gestos que eu tinha prometido para mim mesma que eu não repetiria. Me vi diante de situações desafiadoras que eu não tinha a menor ideia de como sair. E aí me deu um clique, isso aqui está errado, eu não quero viver nesse caos. Eu não quero viver desse jeito.

Não à toa, Lua Barros reivindica uma “maternidade real sem cobrança ou filtros do Instagram”. A parentalidade consciente é uma proposta de educação aberta que não só aceita as dificuldades, como busca entendê-las e enfrentá-las com a cara e a coragem. No entanto, a autora ressalta que a experiência prática não basta: é preciso buscar conhecimento.

Como educadora parental e mãe de quatro filhos, Lua Barros encontrou na leitura e na consulta com outros profissionais um meio de ampliar seu repertório. “Em um relato de uma outra mãe, ou na experiência de um médico ou pediatra, é possível descobrir jeitos mais orgânicos e fluidos de conduzir as situações. A gente não precisa estar pronto para tudo”.

Por isso, Lua fez uma escolha incomum: decidiu priorizar os responsáveis pela educação das crianças. “Passei a olhar muito mais os pais que as crianças e a acolher essas dificuldades e frustrações que eles apresentaram. Me coloquei como quem dá a mão nessa jornada que é criar e educar filhos. A gente precisa olhar para o lado. É tão bom a gente entender, se ver e se rever”.

Buobooks indica:

Eu não nasci mãe – Lua Barros

Anne de Green Gables – Lucy Maud Montgomery

Hei de vencer – Arthur Riedel

O alforje – Bahiyyih Nakhjavani

O poder da autorresponsabilidade (livro mini) – Paulo Vieira

Textos cruéis demais para serem lidos rapidamente – Onde dorme o amor – Gabriela Barreira, Igor Pires, Letícia Nazareth e Malu Moreira

A garota do lago – Charlie Donlea