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A importância da leitura para além da classe social no Brasil

Recentemente, um documento publicado pela Receita Federal para tirar dúvidas sobre a reforma tributária acabou provocando manifestações acaloradas e discussões no mercado editorial. Isso porque o órgão federal considerava retirar as isenções de impostos sobre livros no Brasil, com o argumento de que essa medida não teria muitos impactos já que os ricos seriam os únicos com o hábito da leitura diária. 

No entanto, uma pesquisa recente mostrou que a classe C, composta por pessoas que recebem entre quatro e dez salários mínimos, e correspondente a 55,3% da população brasileira, não só lê como frequentava bibliotecas em 2019. 70% dos leitores brasileiros são das classes C, D e E (70 milhões) e 70% do público das livrarias faz parte da mesma realidade socioeconômica. 

Apesar do documento da Receita Federal afirmar que “não existem indicativos que confirmem a redução do preço dos livros após a concessão de PIS/COFINS”, o preço médio do livro caiu 40% no Brasil desde 2004, segundo o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL). Não por acaso, a redução do valor final do produto ocorreu quando o mercado editorial foi desonerado dos impostos PIS e Cofins. 

Na verdade, o livro é isento desde a Constituição de 1946 e isso foi mantido pela de 1988. Embora não haja impostos sobre o produto, as editoras pagam outras taxas: no caso de uma empresa de lucro presumido, esse valor é de cerca de 2%. O preço não é o principal fator que influencia na compra de livros. O mesmo levantamento mostrou que o título do livro é o primeiro critério dos leitores (31%), seguido pelo nome do autor (27%). 

Os benefícios da leitura diária

Além do estímulo da criatividade, a importância da leitura é percebida por qualquer leitor experiente com a ampliação do seu vocabulário e repertório cultural e com o desenvolvimento do senso crítico. Assim como um músico genial é um ouvinte acima da média, um escritor fora de série é um leitor atento. No entanto, para todos esses hábitos se desenvolverem, é preciso haver incentivo, tanto dentro de casa quanto fora dela.

Os desafios e oportunidades da leitura hoje

Segundo Marcos Pereira, vice-presidente do Instituto Pró-Livro (IPL), o investimento nos profissionais formadores do hábito de leitura, como “o formador, o professor, o bibliotecário e o contador de história”, deve ser prioridade nas políticas públicas de incentivo à leitura no país. Em tempos de isolamento social, o hábito de ler ganhou força e com ele algumas iniciativas vieram à tona. 

É o caso do clube de leitura online, um espaço virtual em que leitores compartilham desde análises sobre livros brasileiros contemporâneos até os seus títulos mais lidos com outros leitores. Outro clube relacionado à leitura que faz sucesso é o de assinatura. Algumas editoras experimentaram esse modelo de negócio e ultrapassaram os cinquenta milhares de clientes que pagam um valor mensal para receberem livros e materiais relacionados.

Recentemente emergiram com força entre os amantes da leitura os canais dos booktubers, produtores de conteúdo audiovisual que comentam sobre obras. Os veículos mais famosos já passaram das centenas de milhares de usuários inscritos. As Bienais e Festas Literárias adaptaram sua produção ao universo digital e também conseguiram manter uma boa audiência. 


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