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O poder de identificação e referência da literatura para crianças durante o isolamento

“Antes, eu escrevia para a criança que eu fui. Hoje, escrevo para os adultos que eu quero que meus filhos sejam”, afirmou Lázaro Ramos em entrevista. Em tempos de isolamento, o protagonista da sexta obra de literatura infantil publicada pelo ator pode ser uma referência para crianças que se sentem sozinhas. “A autonomia das crianças virou um assunto e entendi para que servia o coelho que estava confinado”.

 “Por se passar em um circo, que já é símbolo de um outro tipo de infância, a gente está falando também de outras formas de lazer. De inventar, desenhar, imaginar, já que, ultimamente, muitas crianças estão brincando solitárias”, observou o autor. O pulo do coelho conta a história de Gusmão, um menino de 11 anos que se transforma no animal em seu sonho, mas que, no clássico número circense, desejava ser o personagem do mágico. 

A metáfora busca dialogar com os sentimentos da maioria dos pequenos durante a pandemia e assim incentivar também a conversa sobre as emoções entre filhos e pais. Uma pesquisa mostrou que 25% das crianças e dos adolescentes apresentaram sinais de ansiedade e depressão durante o período de reclusão. Outro levantamento constatou que 89% dos pais perceberam um tempo maior dos filhos na frente da TV, celular e videogame.

Afinal, o momento é um desafio novo não só para os pequenos, como também para os grandes. “A criança que pede para dormir sozinha ou atravessar a rua sem ajuda também enfrenta o medo do escuro ou do carro. Assim como quando nós adultos, queremos largar um emprego, e quando fazemos isso sentimos um medinho dessa nova vida. A libertação também traz desafios”, lembra Lázaro. 

Autonomia e liberdade são desejos percebidos no comportamento das crianças em isolamento, já que elas tiveram sua rotina interrompida e passaram a ter que ficar mais em casa. Por isso, o livro busca expressar a mensagem de “que existem as crianças que não possuem acesso a bens materiais e direitos e, às vezes, nem sequer sabem que podem sonhar em ser “querentes”, quanto mais “viventes”.

Em O pulo do coelho, o direito a sonhar se soma ao aprendizado sobre lidar não apenas com os fracassos e frustrações, mas também com os sucessos e conquistas. “A frase-símbolo do livro é: “não existe fracasso nem sucesso que seja eterno”. Acho importantíssimo falar para os pequenos que a gente não deve se deslumbrar nem com um nem com outro”, propõe Lázaro Ramos.

O protagonista da obra é uma homenagem ao ator baiano Mário Gusmão, uma referência de futuro para Lázaro, que revela ter descoberto na literatura a sua missão de vida. “Quando eu escrevo para crianças é um dos momentos em que eu me sinto mais completo porque é a hora que a gente planta sementes no coração deles e delas para eles serem adultos plenos e felizes”. 

Por isso, as criações literárias do ator e agora autor que são colocadas à disposição do mundo se propõem a gerar identificação e servir como meios divertidos e envolventes de crescimento pessoal para filhos e pais. “Nós, adultos, precisamos trabalhar a linguagem certa para estimular que elas leiam, para que não caia em um lugar de obrigação, e sim lazer e companhia”, destaca Lázaro.

Buobooks indica:

O Pulo Do Coelho [Capa Coelho] – Lázaro Ramos

Sinto O Que Sinto – Lázaro Ramos