Os primeiros seres humanos precisavam estocar alimentos trazidos durante o dia para comer à noite e durante as estações mais quentes para abastecê-los nas mais frias. A acumulação já era uma questão de sobrevivência nesta época, sobretudo para garanti-la nos períodos em que as condições ambientais eram desfavoráveis.
Mas o conceito de acumulação como conhecemos hoje não significa mais o mesmo. A partir do desenvolvimento do capitalismo, passou a significar o estoque de capital, ou seja, guardar ou “deixar parado” qualquer bem aplicado na criação de oferta de novos bens ou serviços. Não só bens materiais, como também dinheiro, nas suas mais diversas formas.
Essa ressignificação da acumulação se relaciona com o nascimento da sociedade de consumo, que por sua vez acontece a partir do desenvolvimento industrial ao longo dos séculos XVIII, XIX e XX. Pela primeira vez, era mais difícil vender os produtos e serviços do que fabricá-los. É um modelo que representa o ciclo de aumento do consumo, que resulta em lucro, geração de empregos, aumento da renda, e ainda mais consumo.
O surgimento do minimalismo
Como uma resposta a esse modelo, a luta contra o consumo surge de dentro das entranhas do próprio capitalismo, não para parar de consumir, mas para passar a fazê-lo com consciência e dentro do que é necessário. Essa luta influencia as artes visuais, que vêem surgir o minimalismo entre os anos 1950 e 1960 em Nova York, uma tendência que influencia movimentos artísticos e culturais durante todo o século XX.
Por exemplo, na pintura o número de cores é limitado e as formas geométricas simples e repetidas simetricamente são priorizadas. Mais recentemente, o minimalismo se ressignifica e passa a expressar um estilo de vida representado pelo mote “menos é mais”, pelo desapego do exagero, pela prioridade do que é essencial na vida e a presença plena no agora. O livro Mente Minimalista, de Gianini Ferreira, explora todas essas questões.
A relação do minimalismo com o essencialismo
Como contraposição à sociedade de consumo, a busca pelo que é central dá origem ao essencialismo. Mais que uma tendência, trata-se de um método para identificar o que é vital e eliminar todo o resto, no intuito de dar a maior contribuição possível àquilo que realmente importa. Um dos principais expoentes do essencialismo atualmente é Greg McKeown, que resume o conceito a uma “disciplinada busca por menos”.
A falta de concentração de tempo e energia torna qualquer um refém das escolhas de outras pessoas, e faz com que tudo de mais significativo esteja em segundo plano. O profissional “essencialista”, explica Greg McKeown, é aquele que vê claramente a diferença entre o desnecessário e o indispensável. A teoria é simples: ao dizer “não” a tarefas irrelevantes, você investe toda a sua energia só naquilo que é essencial.
Os principais benefícios dessas filosofias
Tanto o minimalismo quanto o essencialismo partem de pressupostos similares: a priorização do que é essencial e dá mais sentido à vida. Assim, essas filosofias não só reduzem o impacto das pessoas sobre o meio ambiente, como diminuem o seu estresse, os recursos financeiros gastos, e o tempo desperdiçado. Quando ir direto ao ponto se torna um hábito, o caminho para a realização dos desejos é encurtado.
Buobooks indica:
Mente Minimalista – Gianini Ferreira
O Ano Em Que Menos É Muito Mais – Cait Flanders