Memórias e reflexões da quarentena em livros

Memórias e reflexões da quarentena em livros

O que especialistas em trauma definiram como ‘o maior experimento psicológico da história’ foi ao mesmo tempo a principal fonte de inspiração para autores compartilharem suas experiências mais recentes. Ao exacerbar a solitude e o contato consigo e com aqueles que convivem sob o mesmo teto, o confinamento colocou em evidência as contradições que existem em cada um de nós.

Além da inspiração que vem dessa experiência única que todos vivemos nos últimos meses, concursos literários como o promovido pela Páginas Editora ajudaram a fomentar a expressão escrita e oferecer referências atualizadas aos leitores. Os textos que foram escolhidos para integrar a antologia Crônicas da quarentena compõem as percepções de diferentes autores sobre as pecularidades dos dias atuais. 

Os contos e poemas foram a forma que escritores como Lulih Rojanski, Paulo Pacheco e Adelisa Maria Albergaria Pereira Silva encontraram para expressar sentimentos como medo, pânico, solidão, resignação, fé e esperança. Cenários como a vista da varanda e experiências como a caminhada na rua ganham novos significados nos textos dos vários autores de Quarentena – Memórias De Um País Confinado.

Do aumento da violência contra as mulheres ao maior sentimento de tristeza entre crianças e adolescentes, a pandemia intensificou os efeitos de problemas sociais que já existiam. Com isso, também cresceu o desafio de abordar temas delicados com aqueles que estão em situação mais vulnerável. Afinal: como explicar para os pequenos, por exemplo, sobre a necessidade ficar em casa e que a nossa vida de repente mudou?

O livro Confinamento, de Mauro Zoladz, consegue fazer isso com maestria ao destacar como protagonista um menino colecionador de palavras estranhas e brincar com os diferentes sentidos que as palavras podem adquirir. O projeto gráfico da obra e as suas ilustrações, feitas em apenas três cores, convidam cada leitor se divertir com seu próprio entendimento dos significados e vocabulário de um jeito poético.

No entanto, a experiência do isolamento social não foi inaugurada só no ano passado. Sua amplitude e intensidade muda conforme o contexto histórico, mas características permanecem, como o movimento de recolhimento e de contato profundo com a subjetividade. Esse voltar-se para si é destaque nos livros A volta ao quarto em 180 dias, de Yuri Al’Hanati, e Regresso a casa, de José Luís Peixoto.

Outro assunto que ficou em evidência no último ano, em decorrência do isolamento social, foi o aumento das atividades remotas e o seu impacto nas relações. O significado do conceito de conexão, muito utilizado a partir do desenvolvimento da Internet, é comentado no livro De volta às conexões humanas, de Dan Schawbel, por meio de temas transversais como gerenciamento de diversidade e resolução de conflitos em organizações.