O que é a literatura infantojuvenil? O conceito que hoje é consolidado no mercado editorial como um nicho voltado para um público de crianças chegou a ser questionado por ninguém mais ninguém menos que Carlos Drummond de Andrade. Ao invés de obras restritas a meninas e meninos, o poeta acreditava que havia uma literatura mais apreensível pelas crianças e que ela poderia ter a mesma qualidade que as obras “para adultos”.

Como não poderia deixar de ser, a história da literatura infantil brasileira está entrelaçada com a do país. A partir da criação da Imprensa Régia, em 1808, começam a ser impressos a legislação, papéis diplomáticos e demais obras de Portugal. Assim também se inicia a propagação dos livros infantis no país, geralmente de origem europeia e lançados no país, como a obra Contos infantis, de Júlia Lopes de Almeida e Adelina Lopes Vieira.

Monteiro Lobato

O nascimento de uma literatura infantil genuinamente brasileira vem a partir de Monteiro Lobato, graças ao seu estilo de escrita de linguagem simples e à sua preocupação com uma estética agradável ao público-alvo. O autor se incomodava com a limitação dos livros que seriam contados a seus filhos, e por isso se empenhou em contar histórias que não só se comuniquem com as crianças, mas também da forma como elas se comunicam. 

E Lobato nem precisou de muito esforço para que isso superasse as suas expectativas, pois muitas de suas obras passaram por adaptações para se comunicar com o conteúdo e a forma com os quais as crianças se identificavam. A mais famosa é Sítio do Picapau Amarelo, uma série de 23 volumes com personagens icônicos como a boneca Emília, o sabugo Visconde de Sabugosa, a Dona Benta e seus netos, Pedrinho e Narizinho. 

Mauricio de Sousa

Outro nome brasileiro que ganhou destaque na literatura infantil é o do cartunista Mauricio de Sousa, membro da Academia Paulista de Letras e conhecido por ser o criador da série de histórias em quadrinhos Turma da Mônica. Hoje ele coleciona diversos prêmios nacionais e internacionais, foi condecorado em países como Japão, Itália, China, Coreia do Sul, França e Estados Unidos. 

Além das distinções, o autor coleciona homenagens que vão desde inspiração para enredo da escola de samba Unidos do Peruche até tema central de um filme sobre sua história pelo diretor Pedro Vasconcelos. Mauricio é o primeiro quadrinista a ser empossado pela Academia Paulista de Letras. Coincidentemente, seu interesse pela criação literária nasceu na infância, quando ele desenhava e fazia ilustrações e cartazes para rádios e jornais. 

Ana Maria Machado

A primeira autora de literatura infantil a fazer parte da Academia Brasileira de Letras é a carioca Ana Maria Machado. Não por acaso, a jornalista também é fundadora da primeira livraria infantil do Brasil, chamada Malasartes. De fato, a sua paixão por obras infantojuvenis começa cedo, com a obra Bento que Bento é o Frade, que conta a história de muitas crianças: o desejo de estar em um lugar onde pudesse fazer tudo o que quisesse.

Hoje ela tem mais de cem livros publicados, mais de 20 milhões de exemplares vendidos, e traduções para vinte diferentes idiomas. A escritora venceu alguns dos principais prêmios da categoria, o Prêmio Hans Christian Andersen, em 2000, além de três edições do Prêmio Jabuti. Menina Bonita do Laço de Fita é um dos seus livros infantojuvenis mais famosos, e traz reflexões sobre ancestralidade e racismo de forma transversal. 

Lygia Bojunga

Lygia Bojunga foi a primeira autora fora do eixo Estados Unidos – Europa a receber o Prêmio Hans Christian Anderson, um dos principais da literatura infantojuvenil, e também a primeira e única brasileira a receber o Prêmio Astrid Lindgren Memorial Award (ALMA). A autora começou sua carreira literária com o pé direito: sua primeira obra, Os Colegas, já recebia um prêmio pelo Concurso de Literatura Infantil do Instituto Nacional do Livro.

Mas é com a obra A Bolsa Amarela e a história da menina Raquel que Lygia ganha impulso. Não por acaso, o livro foi traduzido para diversos idiomas e adaptado para peças de teatro encenadas no Brasil, na Bélgica e na Suécia. Sua literatura é conhecida por dar vida a objetos e por misturar o real com a fantasia para abordar assuntos sérios como morte, suicídio, preconceitos e medo de crescer.

Buobooks indica:

Turma Da Mônica E Monteiro Lobato – O Sítio Do Picapau Amarelo – Mauricio de Sousa, Monteiro Lobato e outros

Turma Da Mônica E Monteiro Lobato – Narizinho Arrebitado – Mauricio de Sousa, Monteiro Lobato e outros

Turma Da Mônica E Monteiro Lobato – Caçadas De Pedrinho – Mauricio de Sousa, Monteiro Lobato e outros

O Gato De Botas – Ana Maria Machado

Cadê os bichos? – Cris Eich

O Picapau Amarelo – Monteiro Lobato

Fábulas – Monteiro Lobato

Urupês E Outros Contos – Monteiro Lobato