Obras escritas há décadas, séculos ou milênios em países orientais nunca deixaram de fascinar, inspirar e influenciar – para melhor – o Ocidente. Abordando temais tão diversos, de táticas militares à vida após à morte, grandes livros nascidos na Índia, na China, no Japão e no Tibete, entre outros países, costumam ter em comum o entendimento de uma profunda conexão entre corpo e mente. Muitos deles estão disponíveis, em ótimas edições em português, para o mundo inteiro, via Buobooks. Separamos aqui cinco desses clássicos essenciais.
A grande epopeia indiana e talvez o maior texto já reunido numa única obra (tem aproximadamente dois milhões de palavras, entre três e quatro vezes a mais que na Bíblia), o Mahabharata foi escrito há cerca de 2.500 anos – embora descobertas arqueológicas recentes indiquem que ele possa ser até um milênio mais antigo. O texto original narra, em versos, uma guerra travada na Índia entre dois clãs, os Pandava e os Kaurava. Nesta incrível edição ilustrada publicada pela Cultrix, do Grupo Editorial Pensamento, o escritor americano William Buck condensa, numa prosa cativante, as mais de cinco mil páginas da versão integral em pouco mais de 350 – e, por meio de um texto acessível, mantendo a essência do original, permite que essa obra fundamental esteja ao alcance de todos. A tradução para o português foi feita por Carlos Afonso Malferrari.
Um dos livros orientais mais populares no Ocidente, A arte da guerra foi escrito pelo chinês Sun Tzu no século IV a.C. Embora trate de estratégia militar, seu conteúdo lida com, acima de tudo, questões intrínsecas à natureza humana, podendo hoje, cerca de 2.500 anos depois, ser aplicado a diversos contextos sociais e profissionais. Esta edição da Jardim dos Livros é ao mesmo tempo fiel e acessível ao leitor contemporâneo: André Bueno, sinólogo com mestrado em História e doutorado em Filosofia, traduziu cuidadosamente o texto para o português diretamente do original em chinês e o adaptou de forma concisa – destacando as mensagens-chave e detalhando seu contexto histórico.
3. O Livro Tibetano dos Mortos
O Livro Tibetano dos Mortos traz fragmentos de adaptações do Bardo thodol – que, por sua vez, é parte de uma obra muito maior chamada As cem divindades pacíficas e coléricas: A libertação natural [através do reconhecimento] da intenção iluminada. A escrita é atribuída ao grande mestre do Tibete, Padmasambhava, que viveu no século VIII, mas só foi descoberta mais de 500 anos depois, numa gruta nos arredores do Himalaia. Abordando a experiência da morte, a transição e o processo de renascimento, se tornou o texto budista mais famoso e lido em todo o mundo a partir desta edição – que traz fragmentos organizados pelo antropólogo e escritor americano W. Y. Evans-Wentz na década de 1920, quando ganhou o formato e o título que popularizou entre nós. Esta edição brasileira, revista e com novo projeto gráfico, publicada pela editora Pensamento, tem tradução para o português de Jesualdo Correia Gomes de Oliveira.
Ao mesmo tempo um incrível documento histórico e uma obra cuja mensagem se mantém extremamente atual, O Livro dos Cinco Anéis foi escrito em 1645 pelo japonês Miyamoto Musashi (1584-1645), tido como o maior samurai de seu tempo. É um tratado sobre artes marciais que pode hoje ser lido como um manual para as batalhas do dia a dia e do mundo dos negócios. São lições que, nas palavras do próprio autor, podem ser aplicadas a “qualquer situação que exija planejamento e tática”: domine as ferramentas que estão ao seu alcance, trace estratégias, avalie os cenários, estude os concorrentes e esteja preparado para os desafios que certamente surgirão. A edição da Jardim dos Livros tem tradução direta do japonês realizada pelo dr. Watari Kukuchi, diretor do Centro de Estudos Japoneses da Universidade de São Paulo (USP).
Jigoro Kano (1860-1938) foi o fundador do judô, talvez não apenas a arte marcial mais popular em todo o mundo como um dos elementos culturais japoneses mais difundidos no Ocidente. Energia Mental e Física, publicado pela editora Pensamento, traz uma compilação de seus principais textos e ensinamentos – que deixam claro que o judô, mais do que uma atividade corporal, é uma arte que está completamente ligada ao espírito. Nas palavras do próprio autor, “não é apenas uma arte marcial, mas um princípio básico do comportamento humano”. Uma leitura que pode ser apreciada tanto pelos praticantes da arte marcial quando por aqueles que buscam um entendimento mais profundo e prático das filosofias orientais.