Da atriz ao figurinista, do diretor à cenógrafa, da maquiadora ao contrarregra, todos que atuam em uma peça de teatro podem ser considerados artistas. Aqueles envolvidos indiretamente na peça, como os roteiristas, também constroem sua arquitetura. Um deles é Doc Comparato, escritor de telenovelas, minisséries e seriados de televisão e roteirista de cinema que compartilha seu conhecimento em Da Criação ao Roteiro.

As definições, atribuições e concepções que nasceram no século XXI, a partir do desenvolvimento da Internet, reconfiguraram o processo criativo. Algumas das novas plataformas e tecnologias são o streaming, a Realidade Virtual, as webséries, os games e a inteligência artificial. Não é que o texto teórico tenha perdido seu lugar: na verdade ele multiplicou a sua função em novos formatos.

Assim, clássicos da literatura, como A Tragédia De Hamlet, Príncipe Da Dinamarca, de William Shakespeare, mantém sua relevância e agora inspiram criações multi-plataforma, para além do livro. Dada a estrutura dramática e a profundidade de caracterização, a obra foi analisada, interpretada e debatida por diversas perspectivas. Por isso, está entre os textos mais realizados do mundo e no topo da lista da Royal Shakespeare Company desde 1879.

Afinal, um thriller repleto de reviravoltas, incesto, loucura, suicídio, fratricídio, regicídio, intrigas, espionagem, trapaças, violência, guerra e espadas tem referências de sobra para qualquer artista. Não à toa, ninguém mais, ninguém menos que os autores Machado de Assis, Johann Wolfgang von Goethe, Charles Dickens e James Joyce foram influenciados pela tragédia shakespeariana.

Seja na tragédia, seja na comédia, alguns dos grandes nomes que se consagram no teatro como atores costumam se tornar diretores, ou professores, para compartilhar seu conhecimento e sua experiência com os artistas mais jovens. Pois a arte favorece o livre trânsito do artista por diferentes expressões e o intercâmbio com quem “já passou por isso” enriquece a sua perspectiva.

Uma das referências que melhor trocaram de papel é Eugênio Kusnet. Como professor, ele atuou na formação dos dois mais importantes grupos de teatro que o Brasil já teve: o Arena e o Oficina, tendo como base a abordagem do método do diretor russo Constantin Stanislavski. Documentos, reportagens e depoimentos de artistas como Fernanda Montenegro e Flávio Migliaccio atestam em livro a relevância e prestígio de Kusnet.

O fazer artístico em geral costuma girar em torno do sujeito, da pessoa. Portanto, fica a dúvida: quando ele se torna uma experiência verdadeiramente pública? Com essa curiosidade, Óscar Cornago, Silvia Fernandes e Julia Guimarães organizaram em um livro a sua investigação sobre as estratégias cênicas, performativas, éticas e políticas que projetam a dimensão pública sobre o acontecimento artístico.

Quando ganha interesse comum e amplitude, o teatro assume seu potencial de provocação e transformação social. Assim, peças como “Lugar de Escuta” levantam debates do seu jeito sobre a mulher, o feminismo e a busca por lugares de fala. No caso, são 22 textos inspirados pelos 22 arcanos maiores do tarô, dos quais 8 são selecionados para cada sessão teatral. O coletivo M.O.T.I.M publicou uma obra para compartilhar a experiência.