Qual foi o primeiro símbolo que você conheceu? E o último? Antes de influenciarem o cotidiano em todos os campos sensitivos, os símbolos já orientam o desenvolvimento do corpo humano, o desenvolvimento da personalidade e são base dos comportamentos. O antropólogo estadunidense Leslie White vai além: para ele, a civilização só existe em razão do comportamento simbólico, que por sua vez é uma característica própria da humanidade.
Diferentemente dos animais, homens e mulheres não só contam com os símbolos para existir, como também têm a capacidade de criar e inventar novos. Para o psicólogo Carl Jung, a simbologia é uma linguagem transposta dos complexos, ou seja, é a melhor expressão de algo relativamente desconhecido. Afinal, símbolos representam por imagens e experiências que abrangem tanto aspectos conscientes quanto inconscientes.
Não por acaso, eles são pilares do desenvolvimento da identidade e da formação da personalidade de uma pessoa. Desde sua infância, o ser humano aprende os significados de objetos, ambientes e personagens da vida social. A construção da identidade de uma criança se dá por meio de suas interações com o meio, que acontecem no seio familiar e nos espaços que ela passa a frequentar, como a escola.
A imagem que a criança constrói de si mesma é intermediada pelas relações estabelecidas nos grupos sociais de convivência. Quanto mais frequente e intensa a interação, mais influente ela será na formação da sua identidade. Um ambiente que acolhe as características de cada um, reconhece, aceita e respeita as diversidades e contribui com a unidade coletiva provavelmente incentivará uma subjetividade aberta, empática e inclusiva.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, construir a identidade significa conhecer os próprios gostos e preferências e dominar habilidades e limites, tendo em mente a cultura, a sociedade, o ambiente e as pessoas com quem se convive. Já a autonomia é a capacidade de se conduzir e de tomar decisões por si próprio, levando em conta regras, valores, a perspectiva pessoal, bem como a perspectiva do outro.
Os símbolos nos livros infantis e a construção da subjetividade
Ao apresentar universos narrativos com referências próprias, a literatura infantil não só instiga a imaginação da criança, como influencia na formação da identidade. Um exemplo são os contos de fadas, que fundamentam o imaginário desse público desde 1697, quando foi publicado o primeiro título do gênero, A bela adormecida. Mas como símbolos não têm significado fixos e as sociedades se transformam, a simbologia também pode mudar.
Ou seja, ao oferecer múltiplas visões de mundo e trabalhar temas delicados com sensibilidade, os livros infantis assumem um papel importante no desenvolvimento da criança. Enquanto obras deste gênero literário contribuíram com a fixação de estereótipos durante séculos, autores contemporâneos como Marissa Meyer, Neil Gaiman, Sarah Pinborough, A.G. Howard e Paula Pimenta revisitam os clássicos com olhar “atualizado”.
Além das releituras, os contos contemporâneos se caracterizam por dar novos significados a símbolos conhecidos. Um desses livros é O pulo do coelho, recém-lançado por Lázaro Ramos. O circo, o coelho e o mágico são personagens presentes na infância da maioria das pessoas. Mas nesta obra esses símbolos servem para abordar conceitos como autonomia, persistência e resiliência e contribuir com a inteligência emocional da criança.
Buobooks indica:
O Pulo Do Coelho [Capa Coelho] – Lázaro Ramos
O Pulo Do Coelho [Capa Menino] – Lázaro Ramos
Sinto O Que Sinto – Lázaro Ramos