‘O Peregrino’: bestseller que atravessa os séculos

Mesmo grandes obras literárias acabam, em algum momento, perdendo a batalha contra o tempo. Ao longo dos séculos, não são muitos os livros que permanecem relevantes e atuais. Porém, quando essa barreira é rompida, surge um clássico incontestável. É o caso de O Peregrino, de John Bunyan (1628-1688). Publicado originalmente em 1678, na Inglaterra, foi traduzido para mais de 200 línguas e se transformou num bestseller atemporal: depois da Bíblia, é o livro mais lido em todo o mundo há quase 350 anos.

Agora, na bela edição brasileira da Jardim dos Livros, O Peregrino está disponível para mais de 100 países pela Buobooks. É uma versão atualizada na qual, sem jamais se afastar do riquíssimo conteúdo original, o tradutor Claudio Blanc utiliza o português contemporâneo para reapresentar ao público uma história universal sobre a busca da felicidade.

Considerado por muitos estudiosos como um dos primeiros romances em língua inglesa, O Peregrino vem sendo impresso ininterruptamente desde 1678 – data de sua publicação inicial. A escrita começou atrás das grades. John Bunyan era cristão, mas seu pensamento não se adequava totalmente à liturgia anglicana do século XVII. Pregando de forma independente, sem autorização da igreja, acabou preso durante 12 anos. E foi na cadeia que surgiu sua grande obra, que, concebida como uma alegoria da vida cristã, está repleta de ensinamentos que transcendem a prática religiosa.

A narrativa acompanha um jovem peregrino, apresentado simplesmente como Cristão, numa jornada épica entre a Cidade da Destruição e a Cidade Celestial. Orientado por um homem chamado Evangelista, ao longo do caminho ele se depara com personagens que representam temperamentos, atitudes e emoções intrínsecas a toda a história humana: Amor-ao-Dinheiro, Bajulação, Caridade, Duas Caras, Glória Mundana, Hipocrisia, Ignorância, Legalidade, Ócio, Piedade, Pretensioso e Vira-Casaca, entre muitos outros.

Uma prova da permanência e da importância de O Peregrino são suas referências em outras obras-primas e sucessivas adaptações para outras mídias. Mencionado em clássicos como Oliver Twist, de Charles Dickens, A letra escarlate, de Nathaniel Hawthorne, Mulherzinhas, de Louisa May Alcott, e também em marcos da cultura pop como a série de quadrinhos A liga extraordinária, de Alan Moore, já foi transformado em óperas, musicais, videogames e diversos filmes para a televisão e o cinema – sendo o mais recente a animação computadorizada de 2019 The pilgrim’s progress.

Tão poderoso hoje quanto em seu tempo, O Peregrino é uma leitura fluida, tão leve quanto profunda, capaz de proporcionar uma incomparável experiência literária e espiritual a leitores de todas as idades, em qualquer época, por todo o planeta.


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