Um levantamento realizado pela livraria online The Book People’s com 1.003 pais no Reino Unido descobriu que 33% deles evitaria ler histórias de terror e com personagens assustadores para seus filhos. No entanto, os romances, programas e filmes de terror voltados para crianças e adolescentes têm se multiplicado. Por isso, especialistas defendem que é importante compreender melhor como funciona o gênero.

Muitos psicólogos defendem que o medo é uma resposta natural, e que quando um adulto lê uma história assustadora para uma criança, ou ela está lendo para si mesma, a criança tem um certo nível de controle – ela pode colocá-lo de lado ou pedir que o adulto pare. E a história pode levantar um debate, por meio do qual é possível explorar e explicar os sentimentos sobre determinada situação.

Ficar assustado com um livro ajuda a criar resiliência. O mundo real também pode ser um lugar assustador: crianças vão passar por situações em que são repreendidas por professores ou brigam com amigos. Saber como enfrentar o medo é uma força e as histórias de terror  são uma maneira de reconhecer que a vida nem sempre é fácil e de aprender que não há problema em ter medo. 

A pesquisa feita pela Book People’s também descobriu que 78% dos pais disseram que os vilões ajudavam as crianças a “diferenciar entre o bem e o mal”, 53% que ajudavam as crianças a “aprender a lidar com situações difíceis” e 48 % que ajudam a vencer os medos. Portanto, livros de terror dão a chance de crianças e adolescentes entenderem do que têm medo, de falar sobre isso e de olhar para as emoções negativas, ao invés de ignorá-las.

No entanto, isso não significa que os autores podem ser irresponsáveis. Como acontece com toda ficção, existem regras a seguir, especialmente ao escrever para leitores mais jovens. Você tem que ser sensível para não levar as coisas longe demais. Excesso de sangue e sangue coagulado é proibido, e os autores devem lembrar que crianças gostam de finais felizes e de heróis prosperando enquanto os bandidos recebem seu castigo.

É claro que todas as histórias não precisam ser embrulhadas com um laço elegante e rosa. Mas é importante entender as histórias de Roald Dahl, Neil Gaiman e JK Rowling, por exemplo, para ver que as histórias direcionadas ao público infanto-juvenil podem ser sombrias e que crianças e adolescentes são capazes de compreender muito mais do que os adultos imaginam. 

Os pequenos também são termômetros espontâneos sobre quais histórias são mais ou menos adequadas para a sua idade. Se uma criança acha um livro muito assustador, é provável que ela o feche e pegue outra coisa, voltando à história de terror quando estiver pronta. E essa é uma grande oportunidade de refletir sobre o que a assusta e como julgar as situações que enfrentará mais tarde na vida.