(Re)descobrindo o Brasil em seis clássicos da literatura

Uma das melhores maneiras de conhecer o nosso próprio passado é pela leitura dos clássicos. E a história do Brasil é muito bem narrada pela literatura desde que Cabral pisou em terras tupiniquins – afinal, A carta de Pero Vaz de Caminha, de que tanto ouvimos falar desde a escola, é obra de um escritor talentoso e dedicado.

Montamos um ranking dos livros que você não deve deixar de ler, selecionando seis obras-primas da literatura brasileira publicadas na coleção Vozes de Bolso e disponíveis para o mundo inteiro, com os seus textos originais em português, pela Buobooks. Prepare-se para uma incrível viagem no tempo!

1. A carta de Pero Vaz de Caminha (1500)

Mais do que um documento histórico fundamental, uma espécie de “certidão de nascimento do Brasil”, A carta de Pero Vaz de Caminha é considerada a pedra fundamental de nossa literatura. A ambição de Caminha (1450-15000) ia muito além de simplesmente relatar a d. Manuel, rei de Portugal, a chegada àquela terra desconhecida (então batizada de Ilha de Vera Cruz). O autor, aliás, mal se refere ao regente, direcionando seus escritos a um leitor geral, e ignora informações técnicas que deveriam constar nesse tipo de documento. O que temos é um texto pessoal que, numa combinação de precisão e sutileza, é capaz de, mais de meio milênio mais tarde, transferir ao leitor todas as emoções e sensações daquele primeiro contato com um mundo maravilhoso e desconhecido que viria a se tornar o Brasil.

2. A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo (1844)

A moreninha faz um recorte vivo da história do Brasil, mas também é parte essencial dessa mesma história: marco inicial do Romantismo brasileiro, foi a primeira obra literária produzida no país a ser aclamada tanto pelo público quanto pela crítica. Descrevendo de forma precisa os costumes da juventude e da classe burguesa carioca durante a primeira metade do século XIX, o romance oferece uma verdadeira viagem ao passado. E, numa narrativa ágil, Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882) também nos transporta ao cenário bucólico da Ilha de Paquetá daquela época, onde acompanhamos a história da paixão entre Carolina, a moreninha do título, e Augusto.

3. O guarani, de José de Alencar (1857)

Cerca de 350 anos depois de A carta de Pero Vaz de Caminha, com o Brasil já independente, o escritor José de Alencar (1827-1877) quis apresentar ao leitor uma imagem dos indígenas que muito destoava dos nativos cordiais e pacatos do antigo texto do escrivão português. Ambientado no século XVII, O guarani, marco do Romantismo brasileiro, traz uma representação heroica do indígena – que surge aqui como um símbolo máximo do Brasil. Publicado originalmente em forma de folhetim, junta romance e aventura épica numa leitura que leva o leitor, ao lado dos inesquecíveis Peri e Ceci, por uma incrível jornada em meio as florestas do interior do estado do Rio de Janeiro.

4. O abolicionismo, de Joaquim Nabuco (1883)

Muito à frente de seu tempo, O abolicionismo, além de ter imenso valor histórico, é um livro que deve ser lido e relido até hoje. Joaquim Nabuco (1849-1910) faz uma defesa apaixonada – ainda que profundamente racional – da equidade racial, descrevendo como, em suas próprias palavras, “o nosso caráter, o nosso temperamento, a nossa organização toda, física, intelectual e moral, acha-se terrivelmente afetada pelas influências com que a escravidão passou trezentos anos a permear a sociedade brasileira”. O conceito de escravidão de Nabuco já era, por si só, revolucionário: em vez de ser restringir à posição dos negros escravizados, abrangia relações com a terra, o Estado e relações comerciais, culturais e políticas. Para entender o Brasil de ontem e de hoje.

5. O cortiço, de Aluísio Azevedo (1890)

Grande marco do Naturalismo brasileiro, o clássico de Aluísio Azevedo (1857-1913) explora a fundo o cenário em que transcorre sua narrativa: O cortiço do título é, na verdade, o grande protagonista do romance. E é para dentro de uma dessas moradias precárias que se espalharam pelas grandes cidades brasileiras ao fim do século XIX que o leitor é transportado. Todos os detalhes saltam das páginas – cheiros, sons, formas. E, no fim, fica claro que o cortiço é mais que uma construção física: trata-se de uma representação do Brasil daquela época (e parte dele permanece por aí até hoje).

6. Macunaíma, de Mário de Andrade (1928)

A obra máxima de Mário de Andrade (1893-1945) reconta, de certa forma, a história do próprio Brasil e do povo brasileiro pelo olhar do Modernismo: o famoso “herói sem nenhum caráter” nasce índio na selva amazônica, embora tenha pela negra, mas, ao longo da história, passando a viver na cidade grande, torna-se branco. Macunaíma é, acima de tudo, uma celebração da cultura nacional. Trata-se de um romance de múltiplas ideias e inúmeros significados.

*Imagem: Primeira Missa no Brasil, de Victor Meirelles (óleo sobre tela).


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