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A importância da literatura para crianças e adolescentes com deficiência que sofrem bullying

O bullying é uma prática que existe há bastante tempo, mas que passou a ser debatida recentemente nas escolas e na sociedade nos dias atuais. Uma pesquisa feita em 2020 revelou que 29% dos adolescentes do 9º ano das escolas de São Paulo relataram ter sido vítimas de bullying e 23% afirmaram ter sido vítimas de violência. Entre os motivos mais comuns para as agressões, estão a aparência do corpo (16,1%) e do rosto (14,5%).

Outro levantamento realizado com estudantes, professores e funcionários de escolas constatou que 96,5% admitem o preconceito contra pessoas com deficiência. Além das altas taxas de vítimas do preconceito e do bullying, é importante considerar os efeitos prejudiciais dessas práticas para o desenvolvimento dos jovens a longo prazo. Essa é uma condição para implementar mecanismos de enfrentamento ao bullying.

Do ponto de vista de um educador, é importante estar bem informado e adequadamente preparado para não só proteger o aluno com deficiência de um possível assédio, como para trazer o tema ao debate em sala de aula, e de preferência de uma forma não-estigmatizada, que gere interesse no público infantojuventil. É aqui que a literatura tem aparecido como uma arma poderosa para combater o bullying e o preconceito. 

Educadores podem utilizar a literatura para abordar o problema e incentivar o debate entre os alunos e para enriquecer as suas aulas sobre inclusão com a presença de jovens com deficiência. Além disso, as histórias podem oferecer uma experiência catártica para que os crianças e adolescentes com deficiência enfrentem e encontrem conexões emocionais, principalmente aqueles jovens que se identificam com os personagens principais.

Uma delas é a de Auggie, um garoto que nasceu com uma síndrome genética cuja sequela é uma severa deformidade facial e por isso teve que passar por diversas cirurgias e complicações médicas. Ele está prestes a começar o quinto ano em um colégio particular de Nova York e se vê obrigado a convencer os colegas que é igual a eles. A sua trajetória é relatada no livro Extraordinário, da autora e designer gráfica estadunidense R.J. Palacio.

A literatura abre muitos canais para que os alunos cresçam acadêmica e relacionalmente, e é de extrema importância que os professores desempenhem com responsabilidade o seu papel de facilitadores do aprendizado e do crescimento pessoal dos jovens. Quando a literatura é incorporada à sala de aula, é essencial que haja um debate aprofundado e diversas atividades para garantir a compreensão total dos alunos sobre o tema. 

Trazer a literatura para a sala de aula beneficia os alunos academica, social, comportamental e emocionalmente. Enquanto crianças estão lendo livros, elas fazem associações com os personagens e reconhecem modos pelos quais poderiam responder a diferentes situações ou interagir positivamente com colegas. Portanto, é importante também ter uma discussão, desenvolver um pensamento profundo e realizar atividades criativas.

Ao reforçar a conexão com a literatura, a biblioterapia revela o poder de uma história para um jovem leitor e mostra que o livro pode ser um amigo, um companheiro ou mesmo um lugar seguro. A biblioterapia é uma excelente ferramenta não só para ajudar as crianças a lidar com questões e problemas que ocorrem em suas próprias vidas, mas também para fornecer a elas uma melhor compreensão e maior simpatia para com as questões que ocorrem na vida de outras pessoas.