O que é que a Bahia tem (e as lições da cultura afro-brasileira)

Os navios negreiros que aportaram no Brasil, entre os séculos XVI e XIX, trouxeram muito mais do que africanos para trabalhar como escravos. Em seus porões, vinham não só os migrantes forçados viajando em condições desumanas – muitos dos quais morriam no próprio percurso – como também um caldo imenso de cultura.

Cultura, religião e práticas. Todas estranhas aos olhos portugueses, mas que, juntas, ajudaram a formar a identidade brasileira.

Coração da história do Brasil, terra onde pisaram os primeiros europeus, lugar da primeira capital do país e destino de muitos dos africanos aqui desembarcados, a Bahia é o berço da cultura afro-brasileira por excelência.

Cultura essa infelizmente ainda repleta de preconceitos e desconhecimento. País mais negro fora da África, o Brasil ainda enfrenta uma série de desafios para acabar com o racismo que nos atormenta. E uma das melhores armas para combatê-lo é informação.

Eis a importância dos livros. Temos pouquíssimos conhecimento sobre a história e a cultura negra se compararmos, por exemplo, a outras populações imigrantes. Desafio especialmente maior para a comunidade que vive no exterior.

A Solisluna, editora parceira da Buobooks, exibe um conjunto de obras que podem ajudar a reparar esse déficit de conhecimento.

Juntando o historiador Gustavo Falcón e a artista plástica Goya Lopes, Imagens da Diáspora leva os leitores à viagem pela diáspora negra e ao legado afro-brasileiro, contando (e ilustrando) três séculos em que milhões de africanos foram obrigados a sair de suas terras para trabalhar como escravos na América Colonial.

Com a coleção de Lendas Africanas dos Orixás, ilustradas pela artista baiana Edsoleda Santos, pode-se descobrir, por exemplo, as histórias de deuses africanos e seus mundos sagrados. São ricas histórias em obras sobre Xangô, Obaluaê, Iemanjá, entre outras.

Com o historiador José de Jesus Barreto, embarca-se numa viagem pelos terreiros de Candomblé da Bahia e seu universo de santos, voduns, caboclos e anjos da guarda – aquela que, considerada feitiçaria pelos colonizadores, transformou-se numa das religiões mais populares do país.

Onde tem terreiro, tem festa. E, para entrar na roda, pode-se ir dar as mãos ao gingado da capoeira – também de José de Jesus Barreto, Pastinha retrata, com ilustrações de Cau Gomez, a história do maior mestre da Capoeira Angola da Bahia.

Dança, festa, religião e história a serviço do saber. Da Bahia para o mundo.


Comments

Uma resposta para “O que é que a Bahia tem (e as lições da cultura afro-brasileira)”

  1. Magalhães Mendes Simão

    Estou entusiasmado e lisongiado em receber um email que contem conteúdo ricos e ilustrantes na qual hoje mergulho na onda de saber .
    Ser -lo-ei grato em possuir um livro do autor Victor Hugo Mendes .

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