A Esperança num papel branco

Caros leitores, inauguro este blog compartilhando com vocês algo que depois de muitos dias de ausência voltou a tomar conta de mim: a Esperança!

E foi por uma razão impensável, quase tola.

Na tarde de segunda-feira, recebi um e-mail promissor: chegou!

Saí de casa meio apressado e encontrei no mercado um corredor repleto de papéis higiênicos. Não, ainda não estava faltando papel lá em casa. Mas, desaparecidos das prateleiras, eles haviam se tornado para mim a própria imagem da desesperança.

Foi por medo, por um inexplicável medo generalizado, que ao perceberem a gravidade da pandemia de Covid-19, mulheres e homens do mundo inteiro começaram a comprar todo o papel higiênico que houvesse pela frente. Como se o papel fosse salvar suas vidas no dia imaginário em que estivéssemos todos no escuro, disputando mantimentos – como muito bem retratou o Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago.

Quem leu A Estrada de Cormack McCarthy, imaginou com o autor o que seria de nós se tudo de repente começasse a sumir das prateleiras e de nossas vidas. No livro, o personagem principal e seu filho passam os dias cinzentos percorrendo as ruínas do planeta com um carrinho de supermercado, procurando comida pelo que restou da humanidade depois de um hecatombe qualquer.

Esta semana, depois que o papel higiênico reapareceu no supermercado perto da minha casa (eu tive direito a um pacote com trinta rolos), foi como se tudo ficasse mais nítido: não iremos disputar comida nos mercados ou nos escombros. Se o Fim dos Tempos um dia virá (e eu até acho que ele virá), não vai ser tão cedo, nem por esse motivo.

Muitos de nós tiveram perdas graves com a morte de pessoas queridas, muitos estão raspando suas poupanças ou, mais que isso, estão com problemas financeiros complicados, precisando de ajuda; e todos nós estamos trancados em nossas casas. Mas está evidente que o Apocalipse não chegou, que o Covid-19 não está nos levando a Har Megiddo em Israel para o dia do Armagedon, tão anunciado pelos muitos candidatos a messias que viveram no tempo de Jesus Cristo.

A crise de agora nos fez mais humanos e vai se atenuar em algumas semanas.

E, posso dizer com serenidade: isso tudo vai passar!

Não iremos baixar a guarda, claro que não!

Continuaremos de luvas e máscaras quando precisarmos sair.

Continuaremos solidários, levando mantimentos e amor à porta do vizinho que tem a saúde frágil.

Continuaremos nos protegendo porque sabemos que protegidos não contaminaremos ninguém.

E, quando menos esperarmos, o papel terá voltado a todos os supermercados, a ordem de ficar em casa terá sido trocada por um estado de atenção mais brando, e talvez um grupo de cientistas estará gritando: descobrimos, descobrimos a vacina!

Talvez não seja exatamente assim, mas não está longe o dia em que o vírus será neutralizado ou mesmo vencido, seja por um novo medicamento, uma nova vacina, ou uma nova combinação de imprevistos como aquela que o criou.

Ao fim dessa jornada, nós, os herdeiros de uma humanidade marcada por duas grandes guerras seremos as gerações que enfrentaram a pandemia, e teremos saído vitoriosos, porque estamos redescobrindo o outro; e no outro, o amor; e no amor, a esperança!

 

 

 


Comments

5 respostas para “A Esperança num papel branco”

  1. Excelente começo!!! Parabéns!

  2. Ana Schmidt

    Que demais!!! Todo sucesso pra Buobooks! E muita esperança de dias melhores pra todos nós! ????

  3. Que a esperança nos visite de novo em mais papéis preenchidos.
    Muita saúde, palavras e livros para todos.
    Feliz Nascimento, Buobooks!

  4. Esteferson Barreto

    Fé, Esperança, Cuidado e Solidariedade definem o texto.

  5. Brasileiros pelo mundo, intensos a viver sonhos e aventuras, e com algo no peito que faz derreter ao pensar na Terrinha!
    Voe para estes, Buobooks!
    Sucesso,

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